AOS QUE ESTÃO INTERESSADOS POSTO UM MODELO DE DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA
"Ontem simples, fortes, bravos.
/Hoje míseros escravos, /Sem luz, sem ar,
sem razão." Castro Alves, em seu Navio Negreiro, faz uma síntese da situação do negro escravo no século XIX.
Atualmente, o poeta condoreiro, apaixonado defensor de minorias, também
teria inspiração para versos como esses, pois, no
Brasil, pessoas são submetidas a trabalhos forçados,
devido, principalmente, ao grande número de miseráveis e à
impunidade.
Sexo masculino, analfabeto
funcional, oriundo das áreas mais pobres do País,
paupérrimo:
esse é o
perfil do trabalhador escravo do Brasil atualmente, de acordo com o Atlas do
Trabalho Escravo no Brasil. Facilmente aliciado por salários impossíveis
de serem oferecidos em sua terra natal, esse trabalhador é levado, geralmente,
para lugares longínquos do País. Lá, são
mantidos por suas dívidas com transporte, alimentação e moradia, tudo sob ameaça de capatazes. Mas,
evidentemente, isso só acontece porque ainda há, no
Brasil, cerca de 8,5% da população na linha de extrema
pobreza.
Além disso, a legislação é ainda ineficiente quanto à punição do explorador, que detém poder e dinheiro. A prova é que
quase metade dos empregadores incluídos na chamada "lista
suja" do trabalho
escravo, do Ministério do Trabalho e Emprego, ainda não
responde pelo crime na Justiça. E, quando responde, são
aplicadas penas alternativas, o que faz com que, evidentemente, a situação se agrave. Ademais, a corrupção e, em alguns casos,
a coerção dos fiscais protela o cumprimento
dessa lei,
que tem como forma de punir a reclusão por dois até oito anos.
Nesse cenário, é
preciso que se invistam em planos realmente eficientes contra a miséria,
por meio dos quais as
pessoas tenham acesso, principalmente, à educação de qualidade. Assim, essas pessoas poderão conseguir empregos
decentes, os quais darão condições de se conquistarem
os direitos mais básicos,
como alimentação e saúde. Além
disso, uma legislação possível de ser posta em prática
é
imprescindível, ainda mais se acompanhada da
consciência política da população de que deve, sim, fiscalizar e denunciar os exploradores. Só
assim, os navios negreiros modernos não precisarão de Castros Alves para
serem cantados.